A paz perpétua é possível?
Por Roberto Souza*
A História é testemunha. Em todo conflito, a primeira e a maior vítima é a verdade. Cada lado apresenta uma narrativa e uma desumana contagem de mortos, como um macabro placar da violência e do terror. A verdade é que todos perdem.
Nos últimos tempos, as notícias de guerras chegam on-line e, portanto, em tempo real. As redes sociais, bem antes das mídias oficiais, são os canais por onde trafegam as fake news e também números, baixas, contingentes, radicalismos, ameaças e atos insanos. A realidade se mistura com o surreal em tempo real.
A guerra em Israel não é diferente da guerra da Ucrânia ou de outros conflitos regionais, onde os interesses políticos se misturam com interesses em expansão de território e as decisões são tomadas por lideranças. A população civil… ah, essa é sempre uma grande vítima.
É preciso ouvir muito, checar e ponderar tudo o que chega via imprensa e via redes sociais. E, mesmo assim, não teremos a verdade dos fatos, só a verdade de cada lado.
No caso do ataque surpresa do grupo terrorista Hamas a Israel e o banho de sangue que se segue, há uma mistura de política, religião, radicalismo e históricas disputas por território. Em suas narrativas, cada lado tem sua razão. E o que se vê é um banho de sangue incompatível com a chamada civilização moderna.
O que diria o filósofo alemão Immanuel Kant, que no século 18 falava sobre a razão humana e propunha as condições para a paz perpétua? Kant imaginava que, ao longo dos séculos seguintes, o homem teria aprendido tanto com as guerras e destruições que jamais continuaria utilizando esses recursos desumanos, em busca da paz. Ao contrário, teria aprendido com o tempo que a negociação, o diálogo são o melhor caminho. Não. Isso, infelizmente, não acontece. A civilização frustra a Humanidade com sua involução.
Para nós, de uma agência de comunicação 360º que convivemos com prevenção e gestão de crise, resta termos um olhar crítico sobre o palco das sangrentas batalhas e suas repercussões em todas as mídias e tentar tirar boas e más lições com todos esses horrores.
Que Kant nos ajude!!!
*Roberto Souza é sócio fundador da Agência RS e jornalista com passagens por diversos veículos de rádio e TV como Globo, CBN, SBT, Band e Record. Jornalista de saúde e ciência, é atualmente graduando em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).